Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude,
aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo. Para qualquer escolha se
segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma
vez, não faz duas, necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze.
Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar,
quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos
para não fazer parte do teu presente, não é preciso perder para aprender a dar
valor, e os amigos, ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que
vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida e o que nunca deveria ter
entrado nela. Não tem como esconder a verdade, não tem como enterrar o passado,
o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre serão
imediatos.
E eu aqui tentando entender,
tentando aceitar e colocar em prática tudo isso. De onde menos se espera, é de
lá que não sai nada? É difícil, é estranho, mas eu digo o que vi e vivi: de
onde menos se espera é de lá que se deve esperar tudo e não esperar nada ao
mesmo tempo. A cada novo segundo, em cada nova conquista, com cada nova pessoa
que permito entrar na minha vida. Sentindo na pele a dor da decepção, o gosto
amargo da ingratidão, o arrepio ruim quando tenho que encarar a crueldade, a
arrogância e ignorância das pessoas. ‒ Ahhh... e como incomoda ter que lidar
com tanta injustiça! Mas, até que é bom. Com isso eu vou aprendendo a viver
assim, na marra, no grito, no sufoco, no impulso, com mais emoção. Eu quis
mudar o mundo, quis ser brilhante, quis ser reconhecida. Hoje eu quero bem
pouco, o suficiente pra me fazer feliz. Escolhi me concentrar no agora do que
planejar um futuro incerto. Eu me libertei da culpa e dei de cara com algo
novo: não me encaixo, e aceito.
Descobri que é inútil
querermos ser bons o tempo todo e fazer tudo certo – o que importa é estarmos
dispostos a fazer um pouco melhor hoje do que fizemos ontem. Portanto, não me
deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que
esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual porque, sinceramente, sou diferente. Não sei amar
pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar com os pés no chão. Sou
sempre eu mesma, mas, com certeza, não serei a mesma pra sempre.
Ainda estou confusa, só que
agora é diferente, estou tranquila e contente. Já não me preocupo se eu não sei
por que, às vezes o que eu vejo quase ninguém vê. Começo de novo, do zero,
encaro o que vier e assim farei quantas vezes for preciso, com a mente quieta,
a espinha ereta e o coração tranquilo, com a única certeza de que o que eu
quero mesmo é não precisar provar nada pra ninguém. Acho muito injusto perder
as asas no momento em que se descobre tê-las. É preciso poder voar, é preciso
ter uma visão estratégica das janelas. Ver o sol e não poder tê-lo é absurdo.
Então eu deixo algumas coisas passarem incompletas porque tenho consciência de
que certas palavras ainda não têm tradução. Por mais que eu grite, vai ter quem
não entenda, não aceite. O que eu não aceito é ter nascido num mundo tão grande
e conhecer só uma pequena parte. Então, deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a
procurar, rir pra não chorar. Quem conseguir compreender, que me acompanhe ou
se for me esquecer, que esqueça... mas bem devagarinho.
E assim a gente vai levando,
vai levando, vai levando essa vida... louca vida!
(Uma adaptação de
Juliana Nunes, com participações especiais de Charles, Friederich, Angenor,
Agenor, Verônica, Bruna, Renato, Chico, Apparício, Mário e mais uma porção de
gente bacana que li por aí).
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