Você já parou
para pensar no que são prioridades pra você? O que você considera mais
importante se preocupar primeiro, cuidar melhor, olhar com mais atenção?
Se alguém te
pergunta isso, do nada, na lata, a primeira reação talvez seja responder:
“Minha família, em primeiro lugar”. Outros dirão que é a saúde, a segurança, a
sanidade ou o trabalho e dinheiro. Quando se tem filhos, então, a decisão é
unânime. Se você vive sozinho, pode ser que priorize sua carreira, ou sua vida
social, sua casa, ou seus amigos, seus bens materiais ou tudo aquilo que você
adquiriu ao longo do tempo, que escolheu a dedo com um apreço imenso, no desejo
de que se tornassem, para sempre, seus pertences queridos. Caso contrário,
depende. Depende do tamanho da sua disposição em aceitar que as coisas mudaram
por ali.
Se você divide
sua vida, sua casa e sua rotina com outra pessoa, um companheiro (a), muito provavelmente
você se encontra em uma situação na qual escolheu estar – exceto se tenha sido
obrigado a isso, mas daí é tema para outra conversa. Assim, é de sua total
responsabilidade a definição do que é prioridade nessa nova empreitada. Se você
escolheu abrir mão de sua vida de solteiro, por exemplo, é honesto que passe a
se preocupar mais com a vida de casado agora, com aquilo que seja do interesse
de ambos e não mais exclusivo seu. Se vocês pretendem construir um futuro
juntos, o correto é que tanto um quanto o outro abra mão de alguns hábitos (ou
bens) do passado para que possam priorizar novos interesses em conjunto,
priorizar o bem-estar e a felicidade do outro a qualquer custo, para que ambos
alcancem, em sua plenitude, a tão sonhada vida harmoniosa a dois pela
eternidade. [Mesmo que nem sempre funcione ou nem todos acreditem, não há como
negar, o objetivo é este. Caso contrário não faria sentido a união].
Não é aceitável
que você continue olhando apenas para seu próprio umbigo enquanto o outro se
preocupa consigo mesmo e com você também, ao mesmo tempo em que se preocupa com
a casa, a comida, a roupa lavada, com as finanças, a saúde, a segurança, o
lazer, a higiene, a limpeza, o bem-estar e a harmonia de todos. Não é saudável
que nenhum ou apenas um pense no todo enquanto o outro se satisfaz com aquilo
que beneficia apenas a si próprio. É preciso estabelecer novas prioridades para
que ambos tenham um mínimo de conforto, paz de espírito e um objetivo único
pelo qual batalhar.
É preciso pensar
que uma preocupação que antes era só sua talvez não lhe pertença mais, e
refletir se a mesma pode ser dividida, compartilhada ou se não irá acarretar em
danos ou desconforto ao outro, o que poderia acabar prejudicando a relação de
vocês. É importante se colocar no lugar do outro, em dado momento, e observar
como você se sentiria se a condição fosse inversa. E, se diante de tudo você
concluir que sua prioridade continua, sim, sendo prioridade, vem a parte mais
difícil: saber dosar seu grau de importância diante de todas as outras
prioridades que você passou a adotar como partes de sua nova vida.
É fundamental
estabelecer prioridades dentro de suas prioridades. Num exercício diário
mental, pergunte-se todos os dias que benefícios e malefícios suas escolhas estão
te trazendo. Enumere e pondere. Se a lista número 2 for maior que a número 1,
desça uma posição e, assim, sucessivamente vá descartando aos poucos aquelas
que estão causando algum mal, a você ou ao outro, que não estão te ajudando em
nada ou que, com o tempo, foram perdendo a importância.
Questione-se
todos os dias como que o outro pode estar se sentindo com as consequências
causadas pelas escolhas que você fez. São consequências positivas ou negativas?
Alterou as emoções? É possível ouvir risos ou choros? Provocam raiva ou
contentamento? Há indícios de desaprovação ou orgulho? Muito cuidado com escolhas
egocêntricas ou egoístas. Nem sempre pensar em si mesmo em primeiro lugar é
sinal de amor próprio, mas sim, do medo de se entregar aos cuidados e proteção oferecidos
com carinho pelo outro.
Aliás, você se
imagina feliz sozinho ou lhe agrada pensar na companhia do outro? Escolhas
erradas podem resultar em uma vida vazia, sem fundamento, sem memórias, sem
histórias e, portanto, bastante solitária. E você, como você gostaria de estar
quando a velhice chegar?