A MATEMÁTICA DAS ARTES

By | 16:50 Leave a Comment
Entre a lógica da razão e a desconcordância do abstrato, conheça Teresa Udo, ex-docente de exatas apaixonada por artes plásticas



Criatividade, beleza, simetria e dinamismo sã algumas das qualidades comumente trabalhadas tanto na arte, quanto na matemática. Rigor e beleza são requisitos fundamentalmente comuns a ambas as especialidades. 

A matemática destaca-se pelo notável potencial de revelação de estruturas e padrões que permitem compreender algumas razões do mundo ou, ao menos, desenvolver a capacidade de sonhar com essa certeza, possibilitando uma forma de compreender de maneira mais clara e não ambígua como tudo funciona. Afirmações históricas relatam que a matemática, muitas vezes, evoluiu por motivações estéticas e, é justamente nesse ponto, nessa capacidade de enriquecer o imaginário de forma estruturada, é que são originados, atraídos e influenciados muitos criadores de arte. 

Assim como dizia o matemático inglês Godfrey Harold Hardy, "o matemático, tal como o pintor ou o poeta, é um criador de padrões. Um pintor faz padrões com formas e cores, um poeta com palavras e o matemático com ideias. Todos os padrões devem ser belos. As ideias, tal como as cores, as palavras ou os sons, devem ajustar-se de forma perfeita e harmoniosa". 

Em suma, pode se dizer que a matemática é uma maneira de descrever a realidade, já a arte, por sua vez, é um aspecto dessa realidade, podendo ser descrita, interpretada e observada sob a ótica matemática. Um desenho, por exemplo, é feito de traços. Matematicamente, é possível afirmar que traços se referem a retas, círculos, curvas, ângulos etc. Em outra situação, observe a música, composta por sons que, matematicamente, se organizam em harmonia; o origami, que só ganha formas se o papel for dobrado, ao meio ou em três partes, fracionado conforme a necessidade; e até a poesia, onde se estuda a métrica das sílabas que compõem cada rima. 

A criadora e sua obra

Teresa Tochiko Udo
Teresa Tochiko Udo é paulista, natural de Garça, professora aposentada e, desde 2002 vive em Maringá. Formada em matemática, foi docente na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), em São José do Rio Preto, por 25 anos. Durante toda a vida, apesar do gosto e da nítida aptidão para a área de exatas, sempre gostou de buscar novidades, curiosidades e qualquer coisa que a pudesse tirar de sua zona de conforto, talvez como forma de relaxamento, ou para lhe dar ânimo e disposição para dar sequência à sua rotina. 

As artes, em suas mais variadas formas, sempre foram apreciadas por Teresa. No entanto, a prática em si, surgiu apenas depois de certo tempo, quando ela já estava para se aposentar. Pinturas, desenhos, esculturas em cerâmica e xilogravuras - uma técnica na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre o papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo - fizeram parte de seu acervo durante muito tempo. Em 2004, juntamente com outros artistas, participou de sua primeira exposição, na Exposição de Cerâmica Maringaense. Depois disso, outras inúmeras apresentações só lhe foram acrescentando empenho e cada vez mais vontade de continuar.

Segundo Teresa, uma das maiores vantagens em expor seus trabalhos, além da divulgação do trabalho, é a satisfação pela tentativa de colocar Maringá no mapa cultural do estado. Empolgada, a artista ainda comenta que o processo de criação, apesar de longo, é muito prazeroso, pois sempre é possível fazer do sacrifício algo magnífico. "Primeiro você cria a obra na mente, depois você tenta colocar aquilo em algo material e as coisas vão criando formas, ganhando 'vidas'", explica.

A artista ainda conta que, com a experiência, acabou adquirindo novos hábitos de percepção artística, com as quais, antes, não contava. Atualmente, um de seus maiores orgulhos são as obras feitas com lâminas de alumínio, que rendem trabalhos belíssimos e técnicas exclusivas. 

As obras, mesmo quando em exposição, não costumam ser comercializadas, tampouco repassadas como ensinamento, exceto se for da vontade - ou insistência - de alguém. Teresa frisa que, em primeiro lugar, vem seu prazer em apenas mostrar sua obra. "Se for vendida, ótimo, é uma consequência, assim como ensinar minhas técnicas. Se alguém pedir, ensino, mas, não faço isso por obrigação ou disso uma necessidade", ressalta.

Tanto empenho e dedicação, apenas reforçam aquilo que era imaginável: Teresa Udo é uma apaixonada pelas formas, métricas, compassos, estruturas e padrões, num misto de razão e subjetividade exposto pelas artes. Quando questionada sobre o porquê de não ter feito dessa, a sua profissão, não hesita: "Se fosse trabalho, seria obrigação. Apesar de gostar muito do que faço, prefiro encarar minhas artes como hobby, uma diversão, meu momento de relaxamento, meu estilo de vida", conta com entusiasmo. 




Revista Geração i | Maringá-PR | Agosto de 2015
Fotos: Arquivo pessoal
Produzido por: Mobi Comunicação
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários: