CUIDADOS COM AS ANEMIAS E FERRITINA

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Esses problemas são causados pela deficiência e pelo excesso de ferro. É preciso tratá-los de forma correta, porque são responsáveis por muitos danos no organismo



O ferro é um mineral de extrema importância para as funções biológicas como respiração, produção de energia, síntese de proteínas (inclusive DNA) e proliferação celular. Nos mamíferos, é usado, principalmente, na produção da hemoglobina, das hemácias (glóbulos vermelhos), da mioglobina dos músculos e dos citocromos do fígado.

Um ser humano adulto possui de 4 a 5 gramas de ferro no organismo, sendo que mais da metade é na forma de hemoglobina. Sua deficiência ou ausência trará consequências para todo o corpo, sendo a anemia a mais evidente. O problema é caracterizado por palidez, fraqueza, queda do desempenho físico e mental, dentre outros. A anemia ferropriva, uma das doenças mais frequentes em todo o mundo, afeta qualquer pessoa e em qualquer idade, mas as gestantes, crianças em idade pré-escolar, pré-adolescentes e mulheres que menstruam, podem apresentar as consequências mais graves em longo prazo. 

Dra. Renata Bastos D`Ávila
Conforme explica a hematologista, Renata Bastos D`Ávila, pobreza, desnutrição e fome também são fatores agravantes para a anemia ferropriva em países subdesenvolvidos, especialmente, em crianças e gestantes. Além disso, dietas baseadas em cereais; ocorrência de infecções parasitárias (esquistossomose); dietas estritamente vegetarianas; má absorção ou perda crônica de sangue pelo hiperfluxo menstrual e perdas crônicas de sangue pelo trato gastrointestinal são apontadas como causas da doença.

Para o médico, também hematologista, e especialista em hemoterapia, Francismar Prestes Leal, nos casos mais graves de carência de ferro, a anemia pode tornar-se ainda pior, chegando, inclusive, a exigir transfusão de sangue, podendo desencadear inúmeras outras doenças, exceto as de origem hematológica, como a leucemia, por exemplo. 

O FERRO E A ANEMIA

Apesar de a maioria das anemias decorrer da falta de ferro, não necessariamente a ausência desse elemento implicará na doença. Existem outras causas, como a baixa taxa de vitaminas B12 ou B9, além de outros elementos essenciais, como zinco e vitamina C.

Conforme explica a doutora Renata, a anemia consiste na diminuição da concentração da hemoglobina, podendo ser hereditária ou adquirida. No primeiro caso, defeitos genéticos alteram a formação dos glóbulos vermelhos, levando a uma anemia crônica. Nas anemias adquiridas, existe um problema adicional, que é a presença de hemácias em forma de foice. "Este defeito acaba levando à dificuldade de fluxo de sangue nas veias e, consequentemente, dores articulares ou abdominais e úlceras nas pernas em função da baixa irrigação sanguínea", alerta o especialista. 

Dr. Francismar Prestes Leal
Em concordância com essa informação, o médico Francismar ressalta que, além das anemias hereditárias ou adquiridas, existem também as secundárias às doenças da medula óssea (como a leucemia), ou devido lesão da medula por um agressor externo: drogas, infecções, cânceres, doenças inflamatórias. O especialista complementa que muitas anemias cursam, inclusive, com excesso de ferro, e que todo paciente anêmico deve ter sua causa definida. "Não basta dar ferroa um paciente anêmico. Deve-se investigá-lo, procurar a causa da sua anemia e tratá-la, assim como, repor os elementos essenciais que estejam faltando", esclarece.

SUPLEMENTOS SÃO NECESSÁRIOS?

As melhores fontes de ferro, sem sombra de dúvidas, continuam sendo as naturais, de origem animal como as carnes (gado, principalmente, aves, peixes, suínos), além de fígado e miúdos; as de origem vegetal, como o feijão e a lentilha, que devem ser ingeridas com alguma fonte de vitamina C (laranja, limão, couve, cenoura, couve-flor), para que o mineral seja mais bem aproveitado pelo organismo.

Em uma dieta normal, é possível obter de 13 a 18mg de ferro por dia, dos quais, somente 1 a 2mg serão absorvidos. Normalmente, a quantidade de ferro absorvida é regulada pela necessidade do corpo, o que significa que, situações em que há aumento dessa necessidade (gravidez, puberdade ou destruição de hemácias), há uma maior absorção do referido elemento.  

Se houver grande carência, a quantidade de ferro alimentar absorvida será insuficiente para suprir sua falta, sendo necessária a suplementação com compostos de ferro de alta absorção. Apenas um comprimido de sulfato ferroso pode ofertar dezenas de miligramas de ferro elementar em detrimento dos poucos miligramas de uma dieta rica em ferro. 

Se o médico julgar que os níveis de ferro estão muito baixos na corrente sanguínea, ele poderá indicar esta suplementação medicamentosa, com um ou dois comprimidos durante alguns meses, com base em dados objetivos, como a reserva de ferro no organismo, principalmente, se o paciente já apresentar estado anêmico. Mesmo assim, garantem os profissionais, que jamais se deve ingerir qualquer medicação sem a indicação do especialista, uma vez que o excesso do mineral também é prejudicial ao organismo, causando doenças como a hemocromatose, onde ocorre depósito de ferro nos tecidos, podendo comprometer os órgãos vitais.

IDENTIFICANDO OS SINAIS

A deficiência de ferro pode ser crônica, mas, também, assintomática. Quando apresenta os sinais, pode levar à fraqueza, fadiga, dificuldade de concentração e baixa produtividade. Além disso, pode diminuir a performance cognitiva e atraso no desenvolvimento mental e motor das crianças. 

Em gestantes, estão associados ao aumento do risco de parto prematuro, baixo peso neonatal e aumento da mortalidade materna e do recém-nascido. A deficiência de ferro também pode predispor a infecções, precipitar insuficiência cardíaca e o aparecimento da síndrome das pernas inquietas. Em pacientes com insuficiência cardíaca, a deficiência de ferro tem efeito negativo na qualidade de vida, independentemente da presença de anemia associada. 

Outros sintomas como fragilidade de cabelos e unhas são queixas comuns, assim como irritabilidade, palpitações e problemas cognitivos. Pica ou malácia (vontade de comer coisas não usuais, como terra, gelo, pedras, entre outros), palidez, lesões na boca (estomatites e quelite angular) e na língua (glossite) e, menos frequentemente, podem ocorrer, ainda, aumento do baço. Outros sintomas diversos ainda podem estar presentes, dependendo das causas.

EM EXCESSO TAMBÉM FAZ MAL


Assim como a falta, o excesso de ferro no sangue também pode provocar graves consequências para o organismo, como cirrose, diabetes, insuficiência cardíaca, problemas hormonais, dentre outros. 

A ferritina, (proteína produzida, principalmente, pelo fígado, responsável por carregar ferro e mediar o processo de inflamação), geralmente, só é avaliada em exames clínicos quando aparecem os sintomas - fadiga crônica, dores nas articulações, alteração da libido, mudança na coloração da pele e doenças no fígado, o que, por vezes, pode dificultar ou atrasar o tratamento. Por essa razão, é de extrema importância um diagnóstico precoce, através de exames que devem ser realizados periodicamente.

Os níveis da ferritina não devem ultrapassar 250 ng/ml (nanogramas por mililitro) para as mulheres e 300 ng/ml para os homens. Acima disso, indica acúmulo de ferro em órgãos e tecidos, que poderão causar hemocromatose adquirida ou o desencadeamento de hemocromatose hereditária. 

O tratamento mais indicado é a sangria terapêutica, que funciona como a doação de sangue (com a diferença de que o sangue é descartado após a coleta) e é bastante eficaz, desde que, não ocorram danos definitivos, como a cirrose. É possível conviver com o problema, desde que haja um controle de hábitos, equilíbrio na alimentação e acompanhamento médico constante. 


Revista Mídia & Saúde Maringá-PR | Julho de 2015 | 
Fotos: Arquivo pessoal e banco de imagens
Produzido por: Mobi Comunicação
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