NÃO HÁ LIMITES PARA QUEM QUER VIVER

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Cada vez mais ativa , a terceira idade mostra como é possível manter-se saudável e de bem com a vida praticando artes marciais





De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), estima-se que uma a cada três pessoas com mais de 60 anos é vítima de queda. A cada 20, uma sofre traumas graves. E ainda, 40% das que têm acima de 80 anos, sofrem quedas ao menos uma vez por ano. A grande maioria dos acidentes pode evoluir para a invalidez e até mesmo para a morte. Entre os principais fatores relacionados, estão: perda da força muscular, osteoporose, dificuldade para caminhar, arritmia, alteração da pressão arterial, depressão, senilidade, artrose e alterações neurológicas. 

Ainda em conformidade com o Into, pesquisas científicas demonstram que exercícios com duração de dez semanas a nove meses já são suficientes para reduzir em 10% a probabilidade de queda entre os idosos. Além disso, treinamentos específicos para o equilíbrio diminuem em até 25% o número de quedas.

Nem tudo está perdido

Existe um meio de prevenir que isso aconteça, que é praticando atividades físicas, conforme afirmam especialistas do mundo inteiro. Fortalecer e estimular corpo, mente e (por que não?) até a alma, é a melhor maneira de manter-se bem disposto por muito mais tempo. Uma pesquisa da Universidade de Vrije, em Amsterdã, Holanda, aponta que a prática de exercícios - principalmente aqueles que exigem maior concentração e estratégias ao invés de esforço físico - pode ajudar a prevenir fraturas em idosos que sofrem de osteoporose, doença que, só no Brasil, atinge cerca de 10 milhões de pessoas, a maioria com mais de 65 anos. 


Wanderley Teixeira de Camargo e o Sensei Nagao

Em Maringá, no Paraná, um pessoal consciente dos benefícios resolveu ir além. Muito mais que um alongamento ou caminhada no parque, começou a praticar artes marciais, um conjunto de técnicas de luta individual, de origem oriental, que pode ser praticada por qualquer pessoa e em qualquer idade. 

Apesar de parecerem violentos, os treinos, após liberarem uma descarga de adrenalina durante os combates, promovem um relaxamento muscular no praticante, onde também é liberado pelo sistema endócrino um hormônio responsável pelo crescimento de músculos, ossos e o tecido conjuntivo. Ou seja, desenvolve e condiciona o corpo, melhora o equilíbrio, agilidade e rapidez, além de sincronizar os movimentos corporais com a velocidade do pensamento, melhorando a coordenação motora, a capacidade de raciocinar e autoconfiança.

O empresário Wanderley Teixeira de Camargo, de 66 anos, é praticante de Aikido desde 2003. Os treinos acontecem uma vez por semana, com um grupo de 8 pessoas, atualmente, de idades entre 22 e 80 anos. Segundo conta, no Aikido não há distinção ou competição entre os lutadores. Toda a prática se resume em demonstrações técnicas e de concentração. 

Agilidade

"As aulas são muito suaves, todos têm a obrigação de explicar e ensinar os iniciantes. Não existe concorrência entre os alunos, que não querem ser superiores ou humilhar os iniciantes. O Aikido dá muita agilidade, pois, durante a aula a gente cai, levanta, cai e levanta... e isso, durante uma hora", conta Wanderley com entusiasmo. 

O aluno explica que conheceu o Aikido através de amigos que já praticavam, mas que, antes disso, já praticava artes marciais desde outubro de 1969, tendo iniciado com o Judô. Segundo ele, a diferença física de um homem de 66 anos que pratica a luta, para um homem da mesma idade sedentário, é muito aparente. "Dá pra notar só pela maneira de andar. O atleta anda ereto, esguio, elegante. O sedentário sente a idade nos ombros, anda arcado, arrastando as pernas", comenta. E elucida dizendo que "o sedentário quando está em casa fica sentado no sofá, não ajuda a esposa, quando sai vai para a praça jogar truco, dominó, fica um inútil. Já o atleta, além de trabalhar muito, tem tempo pra lutar, malhar, lavar os carros e cozinhar para a família nos fins de semana".

Senhor Wanderley, além de tudo isso, e de administrar uma empresa do setor imobiliário em Maringá, ainda tem disposição para viajar, brincar com os netos e se divertir com a família e amigos. Quando questionado sobre que conselhos daria a quem deseja ou precisa começar uma atividade física, mas tem medo de se machucar ou usa a boa e velha desculpa da 'falta de tempo', não hesita: "Deixem de ser preguiçosos, mexam esse corpo. Garanto que a vida mudará muito, o ânimo será outro e você vai passar a brincar com seus netos, coisa que hoje não faz, porque o seu corpo dói da cabeça aos pés. Crie coragem!", se anima. 

Harmonia e inclusão


O corretor de imóveis, Carlos Yoshio Nagao, tem 48 anos de idade e é o professor de Aikido de Wanderley - ou Sensei, segundo a ética japonesa. Com formação em 4º Dan em Aikido (autorizado pelo Conselho Regional de Educação Física), dá aulas de artes marciais desde 2002.

Sua relação com a luta também vem de longa data, segundo conta, tendo iniciado suas aulas com o Kung Fu. Algum tempo depois, precisou ir para o Japão a trabalho e foi quando conheceu o Aikido. "Na época não sabia o que era, mas ao descobrir que era a luta do ator americano Stevem Seagal, que na época fazia bons filmes, fiquei impressionado com a metodologia de ensino e eficiência", relembra. 

Sensei Nagao ensina que, artes marciais, quando praticadas com bom professor, só tendem a melhorar o condicionamento físico e mental. Por não ser de uma modalidade competitiva e não necessitar de força física, qualquer pessoa pode treinar, seja homem, mulher, idoso ou criança (acima de 7 anos de idade). "O Aikido é uma arte marcial que tenta levar harmonia entre os praticantes, não deixando excluídas as pessoas de idade avançada, levando-as a ter contato com pessoas mais novas e aumentando autoestima", aconselha.

ESCOLHA A QUE MAIS COMBINA COM VOCÊ E PRATIQUE

AIKIDO: Desenvolve a flexibilidade, respiração e equilíbrio. Utiliza da energia vital para os movimentos de defesa e ataque do adversário. Ótima para defesa pessoal.

KARATÊ: A principal característica é o uso das mãos, sem qualquer tipo de arma, privilegiando os movimentos rápidos que visam derrubar o adversário.

KUNG FU: Baseia-se no equilíbrio entre corpo e mente, canalizando toda a energia na defesa pessoal, tanto que hoje é praticado em milhares de templos pelo mundo.

TAI CHI CHUAN: Está numa linha tênue entre luta e filosofia, pois envolve relaxamento, meditação, golpes e um pouco de religião. Prioriza a mente e o autoconhecimento.

JIU JITSU: Focado na imobilização do adversário, por meio de técnicas de submissão. A prática permite que pessoas mais frágeis se defendam de oponentes mais fortes.


Revista Geração i | Maringá-PR | Julho de 2015
Fotos: Walter Fernandes e Banco de imagens
Produzido por: Mobi Comunicação

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