FICAR CANSADO TAMBÉM CANSA

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Desânimo, indisposição, estafa constante. Se você não sabe mais o que fazer para se manter disposto, cuidado! Pode ser a Síndrome da Fadiga Crônica


O estresse do dia a dia, a necessidade de fazer várias coisas e a falta de tempo para realizar todas elas, tudo isso pode resultar em fadiga, uma exaustão excessiva que perturba a rotina diária e torna difícil até mesmo as atividades mais corriqueiras. No entanto, se nem sempre um dia de descanso, uma noite bem dormida ou uma pausa nas atividades faz você se sentir melhor e mais disposto, pode ser que esteja com Síndrome da Fadiga Crônica (SFC), ou Encefalomielite Miálgica (EM). 

A Síndrome é uma doença de diagnóstico complicado e ainda não se sabe exatamente se sua origem é exclusivamente biológica ou se tem influência psicológica. A única certeza é que se trata de um problema debilitante e a sensação de cansaço extremo não passa, resiste a longas noites de sono, relaxamento, férias e só prejudica cada vez mais a memória, concentração, o rendimento pessoal, profissional e social. 

Dr. Milton de Paula Junior
De acordo com o médico psiquiatra, Milton de Paula Junior, a Síndrome, a princípio, pode ser considerada um problema psicológico. No entanto, com o tempo, começa a gerar sintomas físicos e, com isso passa a se tornar um problema biológico. Ou seja, um problema que influencia o início de outro. "Não existe um tempo específico para os sintomas, sejam eles físicos ou psíquicos, se transformarem no diagnóstico de fadiga crônica, pois, cada pessoa demora um tempo para desenvolver a doença e nem sempre, também, ela acaba aparecendo. De qualquer forma, a partir do momento que começa a causar qualquer tipo de prejuízo, seja profissional, familiar ou outro, é necessário procurar ajuda de um especialista para iniciar um tratamento", alerta o médico.

O psiquiatra ainda afirma que enquanto se tratar apenas de fadiga, reorganizar as atividades diárias e aprender a lidar melhor com o estresse, por exemplo, pode ajudar a evitar o desgaste. Mas, como nem todo mundo consegue fazer isso sozinho, se torna imprescindível a intervenção médica ou psicológica, que irá determinar ou não a necessidade da utilização de medicamentos. 

Entenda a Diferença

Apesar de ser uma das primeiras doenças que vêm à cabeça quando se fala em cansaço sem razão aparente, estima-se que apenas 3% se referem à Síndrome da Fadiga Crônica, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela é considerada uma doença rara que pode afetar entre 75 e 260 pessoas a cada 100 mil habitantes, tem incidência três vezes maior em mulheres do que homens, atinge pessoas de todas as etnias, grupos socioeconômicos e de todas as idades (predominantemente entre os 25 e os 45 anos, podendo, no entanto, afetar também crianças e idosos). Devido ao fato de apresentar os mesmos sintomas de inúmeras outras enfermidades, o diagnóstico definitivo somente é possível por meio da eliminação, com exames que irão identificar se o paciente não está com alguma doença que ocasione cansaço ou fraqueza, como: anemia, insuficiência cardíaca e arritmias, lúpus, artrite reumatoide, esclerose múltipla, fibromialgia, problemas na hipófise e na tireoide, diabetes, apneia do sono, abuso de drogas, obesidade, depressão e outros distúrbios psiquiátricos, infecções, tumores malignos (câncer), entre outros. 

Apesar de ainda não ser possível definir o que exatamente causa a Síndrome da Fadiga Crônica, existem alguns fatores que podem ajudar a identificar a doença. Mais da metade dos casos diagnosticados até hoje, por exemplo, foram registrados após quadros de infecções prolongadas como gripes e outras doenças virais. Além disso, a predisposição genética também deve ser fortemente considerada. E ainda, pessoas que já passaram por uma experiência traumática na vida, como uma cirurgia ou um tratamento difícil, também podem ser fortes candidatas a desenvolver a Síndrome. 

Outra questão está relacionada ao nível de sensibilidade de algumas pessoas (maior que em outras), em relação aos mecanismos que desencadeiam a doença, como o estresse e as variações hormonais. Por essa última razão, as mulheres são mais suscetíveis, uma vez que, ao longo da vida experimentam mais alterações hormonais que os homens.

Foco no Tratamento

Apesar de existir tratamento para o controle dos sintomas, quase sempre ele é ainda mais exaustivo que a própria doença por ser demorado e com resultados gradativos em longo prazo, o que faz com que, muitas vezes, o paciente acabe desistindo antes do término. As indicações dependerão de cada caso, a ser analisado pelo médico especialista. Mas, basicamente, consiste em mudanças de hábitos de vida social, alimentação saudável, prática constante de atividade física, fortalecimento muscular, acompanhamento médico, psicológico e, por vezes, forte medicação. Além disso, é imprescindível que, quando em tratamento, o paciente não abandone a vida social e as atividades que lhe dão algum prazer, para que, assim, não seja vítima de recaídas. 

Cuidados extras devem ser tomados por quem já diagnosticado com Síndrome da Fadiga Crônica alguma vez na vida, pois esses são ainda mais predispostos. 

Atenção para os Sintomas

O início dos sintomas tende a começar com um mal-estar semelhante ao da gripe. Mesmo assim, de acordo com especialistas, quatro ou mais sinais devem aparecer para que seja diagnosticada como Síndrome. São eles: falhas de memória; dores nos gânglios; sono não reparador; dor no corpo, nas articulações, gânglios e cabeça; irritabilidade; depressão atípica; mal-estar após exercício físico (com duração de mais de 24 horas).

Será que não é preguiça?

Muita gente tem o costume (equivocado), diante de alguém que demonstra intenso desânimo e indisposição para cumprir alguma tarefa diária, de dizer que se trata de preguiça ou falta de vontade em ajudar. No entanto, assim como explica o doutor Milton, é possível identificar a diferença através de uma simples conversa com o possível 'preguiçoso'. "Os sintomas são bem diferentes, pois a preguiça, geralmente, está relacionada a atividades desprazerosas, ninguém tem preguiça de fazer o que gosta. Já na Fadiga Crônica, há o cansaço em todas as atividades", compara. 

A partir do momento que a pessoa tem preguiça para atividades prazerosas então, provavelmente, já há alguma doença envolvida. As causas podem ser muitas, desde a própria fadiga, até a depressão e ansiedade. Por essa razão, é preciso ficar atento para não prejudicar ainda mais a pessoa acometida do problema, desmotivando-a a seguir um tratamento.

Revista Mídia & Saúde Maringá-PR | Abril de 2015 | 
Fotos: Arquivo pessoal e banco de imagens
Produzido por: Mobi Comunicação
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