ATENÇÃO COM A TENSÃO

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Mente quieta, vida correta e coração tranquilo. O equilíbrio pode ser a solução para baixar as estatísticas de um mal que assola milhares de pessoas todos os anos: a hipertensão


Antigamente pensava-se que o órgão central da circulação era o fígado, pois, nas autópsias, encontravam grande quantidade de sangue no seu interior. Nessa época, acreditava-se que as veias transportavam o sangue do fígado e que o ar da respiração era conduzido pelas artérias (daí o nome) para refrigerar os órgãos internos. Somente muito tempo depois é que foi descoberto o que se sabe até hoje, sobre essa função ser responsabilidade do coração, que sem parar, permite que em seu interior transitem de 5 a 6 litros de sangue por minuto. 

No sistema circulatório, o sangue é impulsionado pelo coração para percorrer as artérias e voltar pelas veias. O resultado dessa força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular pelo sistema é chamado de pressão arterial. O organismo humano é muito sensível a variações de pressão e, se o sangue for bombeado sob condições elevadas (pressão alta), vários órgãos poderão, inclusive, ser prejudicados e, eventualmente, poderá ocorrer colapso do sistema e a consequente morte súbita. 

Não é tão recente assim a descoberta do funcionamento do corpo humano como se conhece na atualidade. Apesar de muitas funções ainda serem um enigma, até mesmo para as mais avançadas técnicas da medicina, no que se refere, principalmente, ao funcionamento da circulação sanguínea, uma coisa está muito clara: hábitos saudáveis, uma mente tranquila e equilibrada evitam muitos transtornos. 

São tantas emoções

Artur Fernandes

Do ponto de vista psicológico, a falta de controle emocional pode contribuir e influenciar para um quadro de hipertensão. Para o psicólogo-coach Artur Fernandes, apesar de não haver uma relação direta, o hipertenso não pode ser considerado descontrolado emocionalmente. Segundo ele, "o descontrole emocional pode gerar alterações fisiológicas ou um estresse, por exemplo, e essas alterações contribuem nos níveis de pressão arterial, tanto aumentando, quanto abaixando". Mesmo assim, ele reforça que o diagnóstico de hipertensão requer um conjunto de causas.



O psicólogo afirma que é comum ocorrerem picos de pressão durante um momento de estresse, medo ou ansiedade e explica que, quando uma dessas situações ocorre, existem quatro fatores a se considerar: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão. No início trata-se de uma reação natural, que prepara para o enfrentamento. Somente quando se pode resolver um problema sozinho é que as fases começam a avançar. "Desde a fase alerta somos inundados por neurotransmissores e hormônios que geram alterações. Há vasodilatação e aumento de batimentos cardíacos, entre outras coisas, nos preparando para enfrentar ou fugir. O problema é que muitas vezes não sabemos se a alteração foi somente momentânea ou se poderá ser agravada e, neste caso, é melhor consultar um médico especialista", pondera. 

A psicologia pode, sim, ajudar a prevenir situações de estresse e conflitos internos, fazendo com que o paciente se conheça melhor, ajudando-o a lidar com armadilhas que recaem sobre si mesmo e a desenvolver habilidades de enfrentamento e resolução sobre seus problemas. No entanto, o acúmulo desse estresse poderá levá-lo à fase de exaustão, resultando, muitas vezes, em consequências mais graves à saúde. 

Característica

De acordo com o Ministério da Saúde, somente no Brasil existem cerca de 43 milhões de hipertensos. A doença é considerada 'democrática', uma vez que não escolhe idade, sexo, crença, raça ou condições sociais. Por razões genéticas, mulheres e homens negros são mais propensos a desenvolvê-la, mas, também não é uma regra. 

Dr. Abdul Hakim Assef
Segundo afirma o médico cardiologista Abdul Hakim Assef, a hipertensão arterial é uma doença crônica e incurável. "Uma vez confirmado o diagnóstico, o paciente será hipertenso pelo resto da vida e necessitará do uso diário e contínuo de medicamentos para o seu controle, além de precisar instituir mudanças em seus hábitos de vida como dieta com restrição de sal, atividade física regular, manutenção adequada de peso corporal, consumo moderado de álcool, suspensão do tabaco ou outras drogas, alimentação adequada e, também, evitar situações de estresse", reforça.
Quanto mais cedo for diagnosticado, melhor o resultado do tratamento e o ideal é que sempre comece a acompanhar o nível da pressão já desde o primeiro ano de vida, nas consultas pediátricas. O equilíbrio dessa combinação de medidas pretende evitar possíveis complicações da hipertensão arterial como: acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral, infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, doença arterial aterosclerótica, entre outras.

"É importante enfatizar que a instituição do uso de medicamentos é para sempre. O paciente jamais deve suspender ou reduzir a dose da medicação sem orientação médica", alerta o cardiologista.

Evite surpresas

Hipertensão é doença traiçoeira, pois só provoca os sintomas quando já está em fase avançada ou quando aumenta de maneira rápida e inesperada. Muitas pessoas acreditam que haja relação com sinais como tontura, dor de cabeça, palpitações ou pontos brilhantes que turvam a visão e, se for o caso de não sentirem nada disso, passam anos sem se preocupar. No entanto, dificilmente esses sintomas se referem a problemas com hipertensão e a única forma de afirmar a ocorrência é verificar a pressão por meio do aparelho aferidor. 

Quando o coração se contrai com o intuito de expulsar o sangue de seu interior, a pressão nas artérias atinge o valor máximo. Quando a musculatura volta a relaxar, para permitir que o sangue volte a encher suas cavidades, a pressão cai para valores mínimos. Assim, quando se diz que uma pessoa apresenta pressão 12 por 8, pretense-de explicar que o coração impulsiona o sangue pelas artérias com pressão igual à exercida por 12 cm de uma coluna de mercúrio; e que, ao relaxar a musculatura cardíaca, a pressão cai para 8 cm. Tem-se com isso, o nível ideal de um bom funcionamento da pressão.

Estilo saudável

Especialistas concordam que a melhor forma de controlar e evitar que ocorram alterações é manter um estilo de vida mais tranquilo e saudável. Casos em que a hipertensão é mais leve, somente essas medidas já conseguem fazer a pressão retornar aos valores normais. Já em outras situações, serão insuficientes para manter os limites seguros e se faz necessária a utilização de medicamentos contínuos.

Tanto os hipertensos quanto aqueles com outros problemas de saúde já diagnosticados, devem seguir as orientações médicas, seja qual for a condição. "Tratamentos alternativos devem ser sempre avaliados por um profissional, de acordo com a especialidade e, nos casos de estresse, indica-se o acompanhamento de um psicólogo, que poderá fazer testes para verificar a fase e outras causas, depois fará as sessões para ajudar a pessoa a desenvolver recursos para o enfrentamento adequado das situações vividas", recomenda o psicólogo Artur.

O cardiologista explica que em fase inicial é possível, dependendo dos níveis pressóricos e dos fatores de risco associados, controla a pressão com medidas preventivas, mas de maneira temporária. Na grande maioria dos casos é necessário, e fundamental, instituir o uso de medicamentos. "O paciente não deve temer o uso de medicamentos, pois a sua segurança e eficiência garantem uma melhor qualidade de vida e a redução significativa na incidência de eventos cardiovasculares", assegura o médico.

Somente com o aparelho aferidor de pressão é possível medir os níveis de pressão - máximo e mínimo - em centímetros ou milímetros de mercúrio. Para um resultado preciso e seguro, além de considerar situações de repouso ou agitação, tranquilidade ou estresse no momento da medicação, é preciso tomar cuidado, também, para evitar a chamada 'Síndrome do Avental Branco' que, muitas vezes, é responsável pelo aumento dos níveis de pressão por conta da tensão que a presença do médico e o ambiente hospitalar podem causar aos pacientes.

CUIDADOS AO AFERIR A PRESSÃO
  • Esteja sentado e com o aparelho ajustado no braço à altura do coração;
  • Descanse de 5 a 10 minutos antes da verificação, em ambiente calmo;
  • Não pratique atividade física nos últimos 60 a 90 minutos;
  • Não ingira bebida alcoólica ou fume nos último 30 minutos;
  • Não se deve estar com a bexiga cheia nem com as pernas cruzadas.



Revista Mídia & Saúde Maringá-PR | Maio de 2015 | 
Fotos: Arquivo pessoal e banco de imagens
Produzido por: Mobi Comunicação
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