FANTASIA SEXUAL

By | 13:52 Leave a Comment

Em cima da pia ou embaixo da escada, falta esse tempero em sua relação?


Sinto-me como uma gota de orvalho que se dedica profundamente à rosa almiscarada perdida em meio ao jardim rebuscado de cores e sabores predadores. É um perfume doce e por vezes penoso, perturbador da minha sanidade, me transforma em demente, desvairado de desejo. Desvio-me do ensejo prenunciado e me entrego à subserviência. Como um servo, observo a ira daquela que me sonda, me atiça, me arrepia até a alma, em seus mais absurdos devaneios. Entrego-me despido de pudor. Olho ensandecidamente a rosa que se aproxima, agora mascarada, com um olhar instigante, as madeixas molhadas, com um aroma que... Com sua pele molhada se amedronta e acaba excitada quando se vê jogada, emparedada ou amarrada, de corpo e alma. Nua, escaldada, emite gemidos na madrugada, como uma fera indomada, a pele clara esperando ser beijada até a última palmada. Em teu seio uma pantera tatuada, um misto de delírio e o desejo de sentir a epiderme desfigurada por uma vela queimada sobre ti... Oh! Minha amada...

A convivência vai ficando cansativa, monótona, sem sentido. Não existe mais aquele desejo pelo parceiro, ou parceira, que havia no início do relacionamento. O estresse, a vida agitada e a falta de tempo acabam em desânimo e, por vezes, depressão. Tudo indica que o casal foi enlaçado pelo "fantasma da rotina". Todo início de relação amorosa, ou mesmo uma simples conversa, acabam tomando sempre os mesmos sentidos, num dissabor irreparável. É prova de que chegou a hora de estimular a capacidade criativa, dando uma apimentada na relação.
Para muitos parceiros, o ritual amoroso sempre na mesma cadência, sem inovações ou estimulantes, pode ser muito confortável e agradável. Mas, fugir dessa rotina, buscar novos sabores, novos sons, um toque especial, um aroma agradável pode ser ainda mais excitante para a vida do casal se desfrutado simultaneamente e, é claro, em comum acordo.
Ter fantasias sexuais não significa necessariamente, como muitos imaginam, fazer sexo de maneira primitiva ou selvagem. Mesmo sendo normal e saudável, a noção de pecado e o medo de ser mal interpretado fazem com que os casais reprimam suas imaginações e os próprios desejos.

Existem diferenças na forma como são tratadas, ou vivenciadas, que são de fundamental importância para a interpretação e aceitação da prática. A psicóloga, Cíntia Helena, fala das causas e efeitos da prática de fantasias sexuais que, apreciadas de maneira saudável, podem ser muito bem recomendadas para uma vida amorosa mais feliz e segura.
Fantasia não é sinônimo de pornografia – Segundo o dicionário, fantasia é "imaginação; obra de imaginação; devaneio; sonho; ficção". Em se tratando de sexo, a fantasia melhor se classifica como um devaneio, um recurso natural para alcançar o prazer sexual combinando corpo e mente em uma reação psicossomática (psico = mente / soma = corpo), funcionando como a maioria de nossas reações. Portanto, se vem emoções, sentimentos e pertencem ao nosso corpo, são completamente naturais.
Todo ser humano tem fantasias, mas o fato de agir sempre previsível e racionalmente nos faz acreditar que criar ilusões inusitadas, que fogem de estereótipos, é errado e inescrupuloso. As fantasias tornam-se aliadas de casais, reforçam relacionamentos, sem culpa, sem idéias de pecado ou qualquer tabu que se torne estressante ou negativo, exploram as sensações naturais do corpo, de uma maneira criativa e lúdica. Desde que praticado com segurança e sem violentar ou arriscar a saúde de ninguém, tudo é permitido.

Para Allan Pease, terapeuta corporal americano, e autor do livro Porque os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor, é necessário erotizar o amor, se concentrar em aspectos positivos e lembrar das experiências mais quentes já vividas com seu par. Isso fará com que o cérebro libere substâncias químicas que despertam o desejo. Segundo o autor, é o mesmo que acontece no início de um namoro, por exemplo, onde cada um vê apenas as qualidades do outro e o apetite sexual é insaciável.

Cíntia Helena prefere definir fantasias sexuais como sendo potencializadoras de prazer. "Podem envolver outra ou outras pessoas, lugares, situações, acessórios ou a falta deles, aumentando o prazer. Considerando, a relação de encontro de uma pessoa com formas mais prazerosas de viver sua sexualidade". Em outras palavras, "as fantasias sexuais aumentam as possibilidades de prazer e não impedem que a pessoa tenha prazer, caso não consiga ou não possa realizá-las", conclui.

Conhecer-se e conhecer seu parceiro no que diz respeito às coisas que satisfaçam sexualmente o casal é um fascinante desafio que envolve a capacidade de esperar, respeitar os limites e as diferenças e, principalmente, descobrir o prazer naquilo que temos.

Sexo sem vergonha


Alguns terapeutas indicam a fantasia como um recurso auxiliar nos processos de disfunção sexual, transformando a capacidade do paciente em tornar a vida sexual mais excitante, divertida e, principalmente, diferenciada da normalidade do cotidiano. É bom porque aumenta o prazer da atividade sexual; funciona como substituto da experiência real (muitas vezes inacessível); induz à excitação ou orgasmo; funciona como "ensaio mental" para experiências sexuais posteriores; fornece um meio seguro e controlado de experimentar o sexo sem culpa ou constrangimentos; alimenta a cumplicidade e a intimidade; aumenta auto-estima; alivia a ansiedade.

FANTASIAS PREFERIDAS

Destacamos as fantasias mais desejadas (*)


Transar com garoto ou garota de programa ou uma pessoa desconhecida: satisfaz o impulso primitivo de fazer sexo com todas as pessoas atraentes que vê pela frente. Também ajuda a curtir algum tipo de variação, sem precisar ser infiel ao parceiro(a).

Sexo grupal: esta é uma das maneiras de reafirmar a si mesmo como alguém desejável. Também auxilia no alívio à pressão que sente por acreditar que precisa fazer todo o serviço sozinho (no caso dos homens). Não necessariamente falamos de relações homossexuais. Tanto o homem quanto a mulher hétero, ao se imaginarem com duas ou mais pessoas, também podem estar tentando se colocar no lugar de uma delas para decifrar as sensações do sexo oposto e tornar-se um(a) melhor amante.

Ser dominado(a): um homem ou mulher cheios de poder e responsabilidade criam este tipo de fantasia para aliviar o próprio estresse. Também demonstram o desejo de que o parceiro(a) tornem-se mais ousados, comunicativos e determinados.
Tapas e beijos: pode não estar relacionada ao desejo de sexo violento, mas à expectativa de tornar as sensações sexuais mais intensas e prazerosas.


(*) 30 internautas entre 21 e 40 anos
foram entrevistados, estas são as quatro mais frequentes respostas




Revista Estação - Londrina | Primavera 2007/ págs. 72 e 73 | Foto: Lila Souza

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários: