A trajetória de vida do Padre Inácio Ledur, sua dedicação com a Igreja da Conceição e a luta pela preservação do patrimônio físico e espiritual da comunidade

Como uma das mais antigas da capital gaúcha, a Igreja da Conceição encontra-se atualmente em meio a uma campanha de arrecadação de fundos para finalização de sua obra de restauração. Localizada no Centro da cidade, (Av. Independência, 230, próximo à Santa Casa de Misericórdia), conta hoje com a incessante batalha de Pe. Inácio, que há quatro anos, desde que assumiu a Paróquia, busca o apoio da comunidade e de empresas locais, não só para o restauro físico da Igreja como também para o espiritual, renovando a fé, principalmente dos jovens, através de projetos que os aproximem de Deus e da religião.
Jornal Floresta – Como e quando o senhor descobriu que queria ser padre?
Pe. Inácio – Foi desde criança, a partir dos meus 5 ou 6 anos de idade. Morávamos no interior e íamos sempre à missa. Quando chegava em casa, eu e meu irmão achávamos divertido brincar de ser padres. Montávamos a mesa da cozinha com toalha branca, onde era o altar e utilizávamos os utensílios da minha mãe e velas para enfeitar. Bolacha de leite e rodelinhas de banana simbolizavam a hóstia. Era tudo muito bonito pra mim, mas ainda muito inocente. Somente mais tarde, já adolescente e morando na cidade, que um Pároco da Igreja onde freqüentava me incentivou a entrar para o Seminário.
JF – Sofreu muito preconceito quando fez a escolha?
Pe. Inácio – Ah, sim. Principalmente na época do colégio e quando namorava. Me lembro do dia em que a professora perguntou o que gostaríamos de ser quando crescer e eu respondi com o maior orgulho que seria padre... Meus colegas não entendiam e riam de mim. A namorada também, achava que era só uma fase, que eu estava ficando louco. Por alguns momentos cheguei a pensar em desistir. Felizmente isso não aconteceu.
JF – Seu irmão também se ordenou padre, certo? Como foi isto e a reação da família?
Pe. Inácio – Sim. Meu irmão gêmeo, aquele que brincava comigo na infância. Hoje, Pe. Luís Francisco Ledur, Pároco da Igreja São João Batista, também em Porto Alegre. Para a família não foi surpresa, mas sim, motivo de orgulho ainda maior. Ele teve um pouco mais de resistência, entrou um ano depois de mim no Seminário, pois teve que resolver alguns problemas afetivos na hora da decisão. Quando eu encerrei meu ciclo no Seminário, esperei por um ano até que ele encerrasse também, e nos ordenamos juntos, no mesmo dia. E isto já faz 18 anos.
JF – Sobre a vocação, como o senhor enxerga ou explica este dom?
Pe. Inácio – O Papa João Paulo II, quando esteve no Brasil disse que vocação é um mistério que a gente acolhe no coração. Na medida em que vamos respondendo a este chamado, vamos nos realizando e nos sentindo felizes. Vocação é algo que não se explica. É apenas isso.
JF – Como e quando iniciou as atividades na Igreja Conceição?
Pe. Inácio – Há quase 5 anos fui convidado pelo Arcebispo, que é o presidente da Arquidiocese da Mitra, para ser Ecônomo e Procurador da Cúria Metropolitana. No início relutei um pouco, pois eu queria mesmo era ser um simples ‘Pastor de Almas’. No entanto, como meu lema de vida sacerdotal é “Eis-me aqui Senhor para servir”, não tive como recusar e estou lá até hoje. Com isso, comecei a participar aos poucos das missas na Igreja Conceição, como Vigário Auxiliar, em apoio ao Sacerdote anterior, Pe. Juarez de Moura Maia, que na época encontrava-se com a saúde já um pouco debilitada. Em 2006, acabei realizando minha primeira missa, sozinho. Infelizmente, foi a missa de corpo presente, no próprio Pe. Juarez, que veio a falecer neste ano. Desde então, em março de 2006, por solicitação da própria comunidade ao Arcebispo, fui nomeado Pároco dessa maravilhosa Paróquia.
JF – Como o senhor vê a participação da comunidade do bairro nas atividades da Igreja?
Pe. Inácio – Estou muito orgulhoso da comunidade. Todos são muito ativos e participam das missas, dos encontros e projetos religiosos, das pastorais etc. Tem também a questão da obra de restauração. Se não fosse pelo empenho da comunidade em ajudar, talvez não estaríamos tão avançados nesse processo. Ainda sinto que falta trazer mais jovens para perto de Deus e venho batalhando bastante nisso. Apesar de ser um “trabalho de formiguinha”, acredito que aos poucos vamos conseguir fazer com que esses jovens percebam que são o futuro da Igreja.
JF – Em relação às obras de restauração, como está o andamento e o que falta para ser concluída? Já existe um prazo para o término?
Pe. Inácio – Apesar de já estar bastante avançada, ainda falta muita verba para a conclusão. Temos uma previsão para que na metade no próximo ano, a obra já esteja praticamente finalizada. Pelo menos nossa esperança caminha pra isso. Tenho ido pessoalmente até as empresas tentar buscar apoio, mas ainda encontro certa dificuldade. Por isso, é fundamental que a comunidade continue apoiando e incentivando qualquer tipo de ajuda.
Conheça mais detalhes sobre o trabalho do Pe. Inácio acessando o site da Igreja: www.igrejaconceicao.org.br. Para informações sobre como ajudar nas obras de preservação e restauração, bem como sobre as Leis de Incentivo e Abatimentos Fiscais, entre em contato pelo telefone: (51) 3228-6199 ou através do próprio site também.
Jornal Floresta - Porto Alegre | Setembro de 2010 | Foto: Divulgação
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